Fathi Jumaa, de 60 anos, proprietário do Zoológico de Rafah, conduziu um êxodo semelhante a uma Arca de Noé moderna ao liderar um comboio de animais fugindo da invasão israelense de Rafah no mês passado. Em meio a quase um milhão de refugiados humanos, papagaios, babuínos e leões foram transportados em uma tentativa desesperada de alcançar segurança em Khan Younis, uma cidade já devastada pela guerra.
A fuga de Jumaa enfrentou muitos desafios. Com tempo e recursos limitados, ele foi forçado a deixar vários animais para trás. Cães, águias e pássaros exóticos foram libertados, enquanto doze tartarugas e três leões permaneceram em suas jaulas na zona de combate. “Eles morrerão porque não têm comida nem água”, lamentou Jumaa à NPR, destacando a gravidade da situação e pedindo ajuda internacional.
A crise dos zoológicos de Gaza é um lembrete comovente das dificuldades enfrentadas pelos animais em meio ao conflito e à crise econômica. Historicamente populares entre as famílias, esses zoológicos mal conseguiam prestar cuidados básicos aos animais devido aos anos de guerra que comprometeram suas operações. O apelo de Jumaa ecoou na Four Paws, uma organização de bem-estar animal com sede em Viena, conhecida por resgatar animais em zonas de conflito, incluindo Gaza.
Amir Khalil, veterinário da Four Paws, tem uma longa história de resgates em Gaza. Sua primeira missão em 2014 envolveu a evacuação de animais traumatizados do Zoológico Al-Bisan durante um conflito de 50 dias entre o Hamas e Israel. Em 2016, ele liderou um resgate no Zoológico Khan Younis, famoso por suas condições deploráveis. Em 2019, Khalil resgatou animais do Zoológico de Rafah, que Jumaa reabriu posteriormente, apesar de um acordo para a evacuação dos animais.
Agora, deslocados e vivendo em uma tenda em Khan Younis, Jumaa e sua família continuam a cuidar dos animais sobreviventes com recursos limitados, compartilhando suas rações de ajuda humanitária. Apesar das dificuldades, o compromisso de Jumaa com seus animais permanece firme, enquanto ele luta para mantê-los vivos.
O destino dos três leões deixados em Rafah permanece incerto, um testemunho do caos da guerra. No entanto, Khalil mantém a esperança, sublinhando que, mesmo em meio a conflitos, a passagem segura dos animais pode simbolizar uma ponte entre os inimigos, promovendo momentos de bondade e humanidade compartilhada. “Os animais podem abrir fronteiras, podem construir pontes entre os inimigos. Todos podem largar a arma”, afirma Khalil, defendendo o poder da compaixão em tempos de conflito.