No último domingo, quando o tratador de 72 anos foi visitar seu amigo, como fazia todos os dias livres, notou algo de errado. George não foi recebê-lo como de costume e foi encontrado já sem vida em sua jaula.

“Eu cuidei dele desde 1983; George vinha ao meu encontro religiosamente todas as vezes que eu entrava em sua jaula”, disse Llerena à BBC Mundo.

Segundo o tratador, a tartaruga tinha “uma personalidade complexa” e “somente aceitava três pessoas em sua jaula por vez. Caso contrário, se retirava do recinto. Se o visitante estivesse sozinho, aí mesmo é que ele ficava mais tempo”, afirmou Llerena.

“Eu sentia muito carinho por ele, inclusive ia visitá-lo nos fins de semana. George vinha ao meu encontro, parava na minha frente, esticava o pescoço e abria a boca. E ficava parado com a boca aberta por um bom tempo, com o olhar fixo, sem titubear, como se quisesse me dizer algo”.

“Eu o acariciava na cabeça, dava-lhe uns tapinhas e ele esticava mais o pescoço. Quando eu saía de sua jaula, ele voltava para a toca”.

Amizade
O cuidado da tartaruga incluía a limpeza da jaula e da lagoa onde George tomava banho, além de alimentá-lo com base em uma dieta composta por vegetais.

Nem nos momentos mais complicados Llerena deixou de estar ao lado da tartaruga. Inclusive, nas duas vezes que George sofreu problemas de saúde. “Uma vez ele estava mais lento, não se mexeu, e eu lhe perguntei: o que há de errado? Ele levantou a cabeça e olhou para mim”.

Tratava-se de uma indigestão, que foi curada com uma alimentação à base de mamão. “Nós começamos lhe dando um quarto de mamão, logo em seguida, aumentamos a dosagem para metade da fruta até que ele se sentisse totalmente recuperado e o mamão, suspenso”, explicou Llerena.

“George perdeu a unha de uma de suas patas”, contou Llerena a respeito de outro episódio. “Como não se movia, percebi que sua pata estava inchada. Os veterinários lhe deram algumas injeções e ele se curou”, acrescentou.